sexta-feira, 26 de julho de 2013

Dia de volta a São Paulo. Dia de garôa. Dia de Risoto paulistano.



Há 2 dias minha filha desembarcou de volta a São Paulo, depois de suas férias em Florianópolis. Dia tipicamente paulistano, com garôa fina e frio. Nós mesmos, naturais desta capital, estamos nos esquecendo que ela era chamada de "a terra da garôa", uma vez que cada vez menos essa chuvinha tem aparecido por aqui, sendo que na minha infância ela era muito mais frequente.

Gosto de celebrar as coisas que eu vivo, pois é meu jeito de não permitir que só a vida me leve o tempo inteiro, eu à deriva; que as circunstâncias me definam todas as vezes, sem que eu interfira, sem que eu decida, sem que eu ao menos consinta. Assim, gosto de honrar minha cidade, meu bairro, meus amigos, minha família, meu trabalho, minhas escolhas enfim, como a cidade em que nasci e moro São Paulo, e saibam que mesmo celebrando constantemente minha cidade, quando vivi fora daqui também procurei fazer o mesmo, ao menos vivendo o tanto que eu pude as realidades próprias desses lugares, seus hábitos, sua pessoas, sua geografia.

Além da já comentada "torta da volta", a torta de chocolate com banana que é uma tradição ter na mesa de minha casa quando meus filhos voltam de viagem, resolvi esta semana preparar, do jeito que eu imaginei, um prato que, na minha infância, eu conhecia como "risoto", mas hoje sei que seria um arroz de forno.

Todo legítimo morador da mooca carrega, alguns mais, outros menos, orgulho de seu bairro, justificado sem nenhuma dúvida, pois de fato é um oásis inserido nessa nossa metrópole doida e eu já perguntei, para confirmar, a vários amigos mooquenses, de origens familiares semelhantes à minha: muitas de nossas famílias tinham em seus hábitos alimentares o tal "risoto" que era feito especialmente com o molho de macarrão e pedaços de frango assado que sobravam do domingo. Na minha casa lembro-me, inclusive, da travessa oval que minha mãe servia o tal "risoto", com fatias de ovos cozidos enfeitando o prato e queijo parmesão polvilhado por cima.

Como não tinha molho pronto e sobras de frango, comprei um peito e cozinhei exatamente como faço caldo de frango, com cebola, cenoura, pimenta cambuci, louro e sal, pois eram os legumes que eu tinha. Quando eu compro as coisas espeialmente para fazer o caldo nunca falta o salsão e a mandioquinha, que para mim são os ingredientes que mais a ele dão sabor. À parte fiz um molho ao sugo que deixei reduzir bastante, tendo por base apenas cebola refogada em azeite de oliva, utilizando tomates pelados industrializados pois, ao contrário da cozinha dos meus pais, não posso me dar ao luxo de fazer e ter sempre congelado molho feito com tomates frescos, por uma questão óbvia de falta de tempo.

Cozido o frango eu o desfiei  grosseiramente pois na maioria das preparações que levam peito de frango desfiado prefiro que os pedaços sejam sentidos na boca, e acrescentei ao molho, assim como também cenoura ralada e ervilhas, mas penso que qualquer outro legume também poderia entrar. Como eu preparei na segunda à noite e já sabia que congelaria até a quarta, quando seria consumido, acrescentei antes de mistrurar o molho ao arroz, um pouco do caldo do frango (2 conchas cheias) para que ficasse bem úmido e não secasse em razão do processo de descongelamento. Depois de incorporados molho e arroz, que cozinhei um pouqinho menos do que o cosutume, uma vez que ainda iria ao forno, dispus em um refratário em camadas alteranadas com queijo prato. Finalizei com os ovos cozidos em fatias e bastante queijo parmesão.

O vôo da Lígia atrasou e acabamos chegando em casa já passava da meia noite e ainda garoava em São Paulo, quando pus o arroz no forno até que terminasse de descongelar e derretesse os queijos. Penso que fazer um molho bechamel simples, ou de queijo, e substituir o molho vermelho também deve ficar gostoso, talvez com cogumelos ou aspargos.

Demos, meus filhos e eu, as boas-vindas àquela fria madrugada paulistana elogiando o "risoto" também paulistano, em família, que de fato ficou bem bom e antecedeu à já comentada torta de chocolate com bananas mas, desta vez, sem bananas.

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