quinta-feira, 11 de julho de 2013

Mais uma tentativa

Pretendo aqui falar sobre minhas incursões em vários trabalhos que realizo, na verdade para tentar entender um pouco mais como as coisas acontecem em mim, interesses e práticas aparentemente desconexas e sem vinculação entre si , como por exemplo,umbanda e tricôt; antroposofia, prática pedagógica e cozinha; cores, tintas e encontros e desencontros de amor e amizade; colar caquinhos (mosaicos)e educação de filhos; formas, moldes, música e cidadania; papel, cola e história; flores, galhos e a humanidade em todos nós; linhas, agulhas e o tempo. Conheci uma senhora em Ribeirão Preto, chamada Dona Grete, ex-professora waldorf de manualidades a quem foi perguntado, um dia, porque ela se tornou antropósofa, professora, artista, e ela respondeu: para não enlouquecer. Acho que estou com ela e também preciso verter meu olhar sobre o espírito e a arte, sobre o ser humano e seu processo de evolução, o que, no final, me parece que é tudo uma coisa só, também para não enlouquecer. Ainda em Ribeirão Preto, um certo período da minha vida participava, todos as manhãs de domingo, quando meus filhos eram pequenos, de um momento de encontro entre algumas famílias quando contávamos uma estória para as crianças. Chamávamos de "cultinho" e um dia eu explico o motivo pelo qual acreditamos que há uma relação entre um conto de fadas e a prática religiosa para crianças, ou em como se planta a semente da devoção no coração delas. Eu mesmo cheguei a contar algumas estórias, como a de São Nicolau, mas o que eu quero dizer é que, certa feita, uma amiga, professora, contou uma estória em que uma princesa, expropriada de seus pais amorosos e seu reino, capturada por malfeitores, quando deles se libertou e no caminho de volta à casa, que durou muito (assim como o de Aquiles rumo de volta à Grécia), foi várias vezes surpreendida pela vida que a colocava em situações tais em que era necessário aprender coisas diversas entre si, e nessa fase ela não entendia o motivo, tendo tornado-se agricultora, padeira, oleira e sapateira, dentre outros ofícios. No final ela volta e reina em seu país e, como regente, para que pudesse bem compreender as dores do seu povo, ela finalmente entendeu motivo pelo qual a vida lhe ensinou tantas coisas diferentes. Penso que eu também na tarefa de reger meu reino, que no final das contas nada mais é do que o abismo escuro da minha individualidade e sua alma solitária, como todas as almas o são, acabo de alguma maneira usando as coisas que aprendo e faço.

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