quinta-feira, 11 de julho de 2013

Fruteira de Papel Marchê

Minha cultura artística não era grande coisa quando mais novo, e certamente ainda não é se comparada às de outras pessoas. Agora fiquei velho e pude aprender algumas coisas. Quem me apresentou à muitas formas artísticas, como o papel marchê, foi a Cristiane, mãe dos meus filhos (acho mais simpático do que ex-mulher) que, de tão interessada no assunto "artes" estudou educação artística.

Sinceramente não me lembro direito, mas penso que aos 20 (vinte) anos mal sabia o que era papel marchê, do francês papier mâché, que significa "papel esmagado", provavelmente tendo à época apenas uma informação conceitual qualquer aprendida para fazer alguma prova de educação artística no ginário. Foi ela assim, nos idos de 1990, hospedados em um hotel em Ubatuba, litoral norte de São Paulo, que me apresentou as primeiras peças que conscientemente me lembro ter visto feitas a partir dessa técnica, uns tucanos coloridos, umas "falsas gamelas", e bonecos, muitos bonecos, além de vários itens utilitários. O Hotel imagino que ainda exista, mas não me lembro o nome, ficava, ou fica suponho, na praia do Lázaro e lembro-me de ter a melhor cozinha de peixes e frutos do mar da região, assim reconhecida pelo "guia quatro rodas" e ostentava uma arquitetura que lembrava um "forte militar" mas com um agradável páteo interno ajardinado, ao estilo espanhol, onde ficavam os tucanos de papel marchê no meio das plantas.

Achei incrível como realmente as peças eram extremamente fortes e pensei que (àquelas alturas já tinha me informado um pouco mais sobre o assunto)  não era à toa que a técnica havia sido usada, na China salvo engano, para a confecção de capacetes militares, especialmente considerando tratar-se basicamente de papel e cola. Mais tarde vi meus filhos, mais precisamente meu filho mais velho, confeccionar na escola Aitiara ou João Guimarães Rosa, não sei direito, uma máscara de papel marchê moldada em uma bexiga, um balão de festa, e depois pintada, que foi utilizada em algum teatro dos muitos que eles, Diogo e Lígia, fizeram ao longo de suas vidas escolares nas escolas waldorf por onde passaram.

Passei muito tempo me julgando incapaz, habilidosamente falando, de fazer algumas coisas, especialmente aquelas artísticas que envolvem raciocínio espacial e começei a perceber que não era tão incapaz assim quando iniciei a prática de ikebana, mas isso é para outro post, mas esse julgamento persistiu, ou persiste até hoje, penso que muito pelo meu convívio com uma pessoa de extrema habilidade com as coisas "plástico-pictóricas" e bom gosto, esteticamente falando.

Sempre olhava objetos de papel marchê e tinha mêdo de fazer. De um tempo para cá assinei a net e estou viciado em um canal chamado "bem simples" onde são veiculados programas de culinária e artesanato. Há algumas semanas vi primeiro uma artesã argentina fazendo uma peça de papel marchet tendo por base uma dessas "bandejas de maçã" (aquelas roxas onde as maçãs são postas e depois acondicionadas em caixas), revestida com uma "coisa" que ela dizia ser encontrada em loja de artesanato, um revestimento, algo que dá textura e, mais agora, há uns 10 dias, vi novamente essa mesma artesã fazer umas esferas decorativas também de papel marchê, a partir de bolas de isopor, tentando chegar a uma imagem de porcelana chinesa, ou inspirada nela, e fiquei com vontade de fazer.

Munido de coragem peguei uma receita na internet , comprei jornal, piquei, botei de molho em um balde e sábado passado, finalmente, fiz a massa e me pus a modelar uma peça que imaginei poderia ser uma fruteira, mas antes fui à feira de sábado e comprei maçãs que eu não queria, só para pedir as tais "bandejas" para a feirante. Como tinha visto pela TV sabia mais ou menos o jeito da massa e juntei com a informação da Lígia, minha filha, que o jornal deveria ser batido no liquidificador. Pois bem, bati o jornal, peneirei, esmaguei para sair toda a água, juntei com cola branca, o que resultou em uma massa homogênea, semelhante a uma massa de modelar.

Ao final me surpreendi com o resultado, não da fruteira em si, que acabou não tenho nada a ver com a bandeja de maçãs utilizada como base, pois remodelei totalmente a forma inicial, mas especialmente com uma caixa de ovos que eu transformei em suporte para lamparinas coloridas. Ficou bem legal. Amanhã eu posto as fotos! Pretendo fazer agora, de papel marchê, uma base para 4 pequenos vasinhos de metal que eu tenho sobre uma mesa, alguns pratinhos  para vaso e um revisteiro. Vamos ver o que sai.

2 comentários:

  1. Nossa Ivan, muito bom ler seu texto, bem no momento em que ando com muita vontade de me jogar no papel mache de novo. Arte que me encanta há muito tempo.Eu já fiz muita coisa, mas dei quase todas as peças que eu fiz. Pronto, resolvido...nesse fim de semana vou preparar massa e mãos à obra. Beijão...e quero ver as fotos.

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    1. O pior para mim, Bia, são as fotos....eu dependo do Diogo...rsrsrs...já pedi para ele tirar...amanhã espero postar...vc sabe que a modelagem é uma atividade que recompõe os corpos etérico e astral, né? Fazem um puta efeito terapêutico....beijo, Ivan

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